Tudo isto é triste, tudo isto é fado

É triste dizer que a renovação era um erro e ter razão;

É triste dizer que, caso renovassem com Jesus, a margem iria ser zero e que ao primeiro desaire, mesmo que em amigáveis, daria direito a lenços brancos e assobios. É triste ter razão;

É triste avisar que em caso de renovação com o JJ, o balneário não ficaria nas melhores condições, e ter razão;

É triste alertar para a má estruturação do plantel, e ter razão;

É triste alertar que o Cortez não servia para o Benfica, e ter razão (ontem não teve culpas directas no resultado, mas é alarmante vê-lo a ser constantemente “comido” com passes atrás das costas);

É triste alertar que a defesa parece um passador, e ter razão;

É triste alertar que os amigáveis estavam a dar sinais alarmantes do que ai vinha, e ter razão;

É triste alertar que a coisa não iria correr bem, e ter razão;

É triste avisar que a situação do Cardozo estava e está a ser mal gerida, e ter razão;

É triste avisar que o negócio Roberto cheirava mal, e ter razão;

É triste avisar que hoje o Benfica é um clube que só olha a negócios e deixa a parte desportiva para segundo plano, e ter razão;

É triste avisar que vão sair jogadores importantes do plantel, e vir a ter razão;

Mas mais triste que tudo isto é ter adeptos que dizem que todos estes avisos não eram preocupantes, que tudo era a feijões, que garantidamente ganhávamos ao Marítimo, e não terem razão nenhuma. E quando se deparam com a realidade, voltam para dizer que esta derrota não é preocupante (se calhar ainda é a feijões), que vamos ser fortíssimos, que vamos ganhar tudo, inclusive a Champions. E assim que falharem, voltam para estabelecer novas metas, que tristemente não são cumpridas e que lá no fundo no fundo, eles tristemente sabem que assim é.

É triste, ano após ano, andarmos nisto. Em que “meia-dúzia” de passageiros, gritam ao capitão que está um iceberg mesmo à nossa frente e que vamos bater e afundar, e tristemente, a maioria dos passageiros dá palmadinhas nas costas, do capitão e tripulação, a dizer que o iceberg não é preocupante e para seguir o rumo a toda a velocidade até ao embate que levará o barco ao fundo. Triste será ver que após isso o capitão e tripulação, tal como no Concordia, será o primeiro a abandonar a embarcação que mete água pelos rombos feitos pelos icebergs ao longo dos anos, e que os passageiros que o incentivaram, aparecerão a dizer que nunca disseram para o barco manter o rumo, e que até avisaram para se desviar do iceberg…

Mas como dizia a grande Amália Rodrigues:

“Perguntaste-me outro dia
Se eu sabia o que era o fado
Disse-te que não sabia
Tu ficaste admirado
Sem saber o que dizia
Eu menti naquela hora
Disse-te que não sabia
Mas vou-te dizer agora

Almas vencidas
Noites perdidas
Sombras bizarras
Na Mouraria
Canta um rufia
Choram guitarras
Amor ciúme
Cinzas e lume
Dor e pecado
Tudo isto existe
Tudo isto é triste
Tudo isto é fado

Se queres ser o meu senhor
E teres-me sempre a teu lado
Não me fales só de amor
Fala-me também do fado
E o fado é o meu castigo
Só nasceu pra me perder
O fado é tudo o que digo
Mais o que eu não sei dizer”

Etiquetas: Benfica, Jorge Jesus, Luis Filipe Vieira

• 19 de Agosto de 2013
• Benfica Anonymous
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